quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

Peripécias escolares-Aula de Inglês:

Primeiro dia de aula : Juster 
      ...e ela caminhava graciosamente pelas ruas de Brasília. A felicidade tomava conta de seus pensamentos. Lembrava o quanto se divertia na escola com as amigas,o quanto gostava do seu trabalho de meio expediente. Estava empolgada. Parecia que o dia ia render. Iria chegar feliz outra vez em casa. Sorrir como nunca. Estava terrivelmente equivocada. 
         Era seu primeiro dia na aula de inglês daquele semestre. A cada semestre era uma nova turma. Estava apreensiva, mas ao mesmo tempo empolgada. Não era de falar muito, gostava mais de observar as pessoas. Queria ser psicóloga. A mente humana era algo extremamente fascinante para ela. 
          Entrou na sala e sentou-se ao lado de pessoas aparentemente normais:  
         -Bom dia a todos, meu nome é Ilda- disse a professora. 
          Todos responderam ao cumprimento, como qualquer ser humano educado faria. Parecia que tudo ia correr bem. Parecia que ia ser uma turma normal dessa vez.Nada de bobagens,nada de traumas.  
          Estava mesmo terrivelmente equivocada, pois naquela tarde descobriria que nem sempre "a primeira impressão é a que fica". 
          Ao seu lado senta um garoto no estilo 'Justin Bieber': cabelos lambidos para o lado (provavelmente usara muito laquê para deixá-los daquele jeito), roupas descoladas e aparentemente sujas. Parecia um skatista. Bem, até aí estava tudo certo, afinal, ela gostava de pessoas que tinham personalidade e ele parecia ser uma delas. Adorava meninos skatistas e o cabelo não seria um problema. Mas é o que dizem: pessoas são todas muito belas, até o momento em que abrem suas malditas bocas. 
         Durante toda a aula o menino agia feito um imbecil. Falava coisas desconexas, dormia. Faltava babar e pedir à professora para trocar suas fraldas. Parecia um retardado mental. Cantava no meio da aula e atrapalhava, achando-se sempre o máximo. Ela sentiu súbitas náuseas, mas sabia que teria que se controlar, ou levantaria e esbofetearia a cara dele até que voltasse a ser a pessoa aparentemente normal que vira antes. Sentia- se enlouquecer, mas tinha que suportar. 
         A professora era um caso sério: suas aulas eram o tédio em sua melhor definição. O sono começou a tomar conta de seu corpo de uma forma tão violenta que não seria de se admirar se ela caísse no chão no meio da sala e começasse a roncar. Mas ela suportaria. Era importante para ela. Aprendizado, futuro. Queria ser alguém na vida, então tentou se manter acordada e suportar o garoto Juster, que ganhou este apelido em homenagem ao inspirador daquele penteado ridículo que o garoto sentado ao seu lado usava. 
         Estava indo tudo bem e ela estava até começando a se acostumar com o jeito extremamente calmo com que a professora dava aula e com o jeito insuportável do Juster. Mas, de repente, quando virou-se para olhar o que o seu colega estava fazendo, deparou- se com ele desenhando no caderno. Pediu a Deus que Ele a perdoasse por julgar tanto as pessoas, mas que achava esse garoto um completo idiota. Tudo bem até aí, não se incomodaria com isso, afinal,quem estaria perdendo era ele que não aproveitava nenhum 'or' ou 'excuse me ' que a professora ensinava e que portanto, não entenderia quando ela olhasse pra ele e dissesse: 
          - Bitch, please, kill yourself !         
Olhou pra ele novamente e descobriu o garoto olhando para ela, depois para o caderno. Ela arregalou os olhos quando se deu conta do que estava acontecendo: ERA ELA QUEM ELE ESTAVA DESENHANDO!! 
           -Por quê meu Deus? Por quê? - Era o que ela queria dizer a ele. Queria rir, chorar, e principalmente, queria espancá- lo. 
             Ele percebeu que ela estava olhando e parou de desenhá-la. Pediu para ir ao banheiro e demorou mais de meia hora pra voltar. Ela se perguntou o que estaria fazendo lá. Deduziu que pelo jeito dele, deveria estar depredando as paredes do banheiro, ou então com uma súbita diarréia. Deixou pra lá. 
             Quando ele voltou,ela ouviu um tilintar de latas em sua mochila, e então teve sua suspeita confirmada, pelo menos segundo a fértil imaginação dela: ele passara o desenho que tinha feito dela para as paredes do banheiro com tinta spray!
             Para terminar o dia, a professora resolveu dividir a turma em dois grupos e fazer um jogo. Ele ficou no time da pobre menina, time esse que facilmente ganhou o jogo. Tudo bem até aí, pois o jogo não tinha nada de mais, era só uma forma ''divertida'' de revisar a matéria. Ninguém se importou com o fato de ter ganhando ou perdido, pois não tinha a menor importância. Mas, como sempre tem uma pessoa super feliz e de bem com a vida pra fazer comemorações, ela pensou que não ficaria surpresa se alguém gritasse frases como: ''É campeão'', ou algo do tipo. O que ela não esperava era que o seu ''querido'' colega Juster faria uma comemoração digna de um musical: ele agarrou as mãos dela e de outro colega que estava ao lado e começou a cantar alegremente um dos clássicos da banda Queen: 
             -WE ARE THE CHAMPIONS,MY FRIENDS,AND WE'LL KEEP ON FIGHTING TILL THE END. WE ARE THE CHAMPIONS, WE ARE THE CHAMPIONS, NO TIME FOR LOSERS CAUSE WE ARE THE CHAMPIONS OF THE WORLD...
           Olhou para ele com uma expressão perplexa, porque além de muito idiota, a voz dele se assemelhava ao barulho de uma chuva de granizo: ensurdecedor. Teve vontade de virar e gritar: 
            -Qual é o seu problema garoto? 
             Mas para a sorte dele o sinal tocou e todos correram desesperados em direção da porta, em busca de liberdade...




               

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